terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

SINAL DOS TEMPOS: Raquel Sheherazade - Santiago Andrade

Nos últimos dias, a sociedade brasileira se deparou com dois fatos relacionadas à atuação de jornalistas. No primeiro, a jornalista Raquel Sheherazade, âncora do “Jornal do SBT”, expressou sua opinião sobre prática que, infelizmente, tem-se mostrado cotidiana, qual seja o “justiçamento” de suposto adolescente criminoso, que teria sido pego e amarrado a um poste por grupo de pessoas, que alegadamente fazem “justiça com as próprias mãos”. A jornalista, então, afirmou “ser compreensível”, diante do absoluto descalabro por que passa a segurança pública, face à ausência e omissão do Estado, a indignada, desesperada reação da sociedade.

Apesar de não ter promovido apologia de fato criminoso, não foram poucas as vozes, muitas das quais “bastante respeitáveis”, na imprensa, nos meios jurídicos e nos ditos “formadores de opinião”, que se levantaram contra a jornalista, buscando suprimir-lhe a liberdade de expressar, opinar e informar. Tais vozes, escudando-se em pseudo (des)entendimentos sobre o que são os direitos de expressão, não se pejaram de defender, inclusive, que a jornalista seria passível de ser processada e punida criminalmente, por suas palavras.

Dias depois, tragédia humana atingiu o repórter cinegrafista Santiago Andrade, da “Rede Band”, quando ele fazia cobertura de supostos “protestos contra aumento de passagem de ônibus” no Rio de Janeiro. Foi atingido por um rojão deflagrado por criminosos, terroristas, que, há tempos vêm dominando as ruas maiores cidades brasileiras, especialmente Rio de Janeiro e São Paulo. Um rojão que foi deflagrado para matar qualquer pessoa, indistintamente. O pior aconteceu. Santiago não resistiu. Ceifou-se a vida de um homem, pai de família, trabalhador, profissional da imprensa, como poderia ter sido uma criança, um idoso, um gari, um advogado, um engenheiro, um empresário, um policial militar etc. Não importa! Os que aterrorizam a sociedade não encontram limites, não padecem de pruridos morais.

Agora, as autoridades competentes estão a buscar as causas dessa trágica morte de Santiago. No entanto, são milhares de Santiagos assassinados por ano. 60 mil serão mortos em 2014. Todavia, que fique claro, os assassinatos dos Santiagos não são causados por falta de "redistribuição de renda e riquezas..." O assassinato do jornalista Santiago foi executado barbaramente por criminosos, terroristas que se querem representantes da sociedade. Não são! Não passam de sujeitos que devem ser investigados, processados e punidos pelas instituições do Estado de Direito, que devem ser execrados pela sociedade.

Pois então, no contexto desses fatos, revelam-se o tempo, os costumes, a moralidade dos perseguidores implacáveis da jornalista Raquel Sheherazade e dos assassinos do cinegrafista Santiago. Desnudam-se seus valores, suas identidades ideológicas. Uns “querem a cabeça” da jornalista, querem cassar-lhe a possibilidade de expor, em rede de televisão, suas opiniões que vão contra a ditadura politicamente correta, esta que admite apenas “opiniões corretas”, conforme as balizas ideológicas do regime.

Os outros, os que arrancaram a vida do cinegrafista Santiago, têm ameaçado, agredido, violado os profissionais de imprensa, nos seus mais básicos direitos de existir e trabalhar; infligindo-lhes absurdo receio de aparecer e se identificar profissionalmente, sobretudo pela coação, pelo terror, pela violência.

Sinal dos tempos. A liberdade de pensamento, expressão e informação são valores caros à Democracia, albergados pela Constituição, assim como são os direitos à propriedade, à liberdade locomoção, à segurança pública. Direitos esses que têm sido, sistematicamente, atacados pelos ditadores da “opinião politicamente correta”, como também pelos criminosos, terroristas, assassinos, que se querem representantes da sociedade.


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