Assistindo as acontecimentos político-penais que invadem a imprensa, as novelas, as casas dos brasileiros, algo chama atenção. A discrepância de comportamento de políticos e do cidadão classe-média, relativamente a aquisição de imóveis.
É incrível que os políticos brasileiros confiem uns nos outros, ao negociarem imóveis de elevadíssimos valores, da ordem de milhões de reais. Nessas transações, ordinariamente, esses insuspeitos homens públicos dispensam recibos, contratos, escrituras, rejeitam os bancos. Seria desconfiança recíproca?
Registros dessas negociações em cartórios de registro de imóveis, então, nem pensar. Afinal, essas providências comezinhas são para o homem comum, aquele bem classe-média. Os elevados político-penais são de outra estirpe.
Por sua vez, o cidadão comum, aquele bem classe-média, ao comprar um imóvel, paga com cheque, TED, DOC, para ficar registrado, carimbado, rotulado e, suprassumo, comprovar ao Leão da Receita Federal. Recolhe imposto de transmissão de bens imóveis, sofre para atender todas as exigências fazendárias, cartorárias, bancárias etc. Para não criar problemas para si, nem para sua família, especialmente quando se for de cujus.
Isso para não falar do verdadeiro pavor que o cidadão comum, bem classe-média, suporta, ao comprar um imóvel, lembrando-se que, se fizer tudo certinho, ainda poderá surpreender-se com um problema do tipo "Encol".
Pois bem, políticos brasileiros não se prendem nesses pudores classe-média: compram, vendem, doam, negociam, entre si, imóvel de milhões como se fosse balinha chiquita.
"Cidadão comum, bem classe-média"? Qual? O de antes ou depois do decreto que estabeleceu a nova classe-média abaixo da média? Pois é esse novo-cidadão da nova-classe-média, o eleitor que confere os mandatos aos Executivos nacional, estaduais e municipais, e os seus respectivos representantes proporcionais. Nossos representantes são a cara da nossa sociedade. Que continuará elegendo os políticos com seus comportamentos discrepantes.
ResponderExcluirMais uma grande reflexão contida dentro das palavras do seu texto, Ailton. Bom! :*
É, triste realidade na qual nós nos inserimos.
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